terça-feira, 23 de setembro de 2008

Efemeridade




...a natureza tênue e pouco confiável da realidade condicionada, sempre em mutação, que nós chamamos de vida.
Nossos corpos tem uma vida útil limitada, são impermanentes e mutáveis. Isto não é um dogma religioso, é apenas a forma como as coisas são. Sendo efêmeros, nossos corpos terminam sendo pouco satisfatórios. Quem pode obter a realização duradoura de um mero corpo, com simples experiências sensórias? Até mesmo as experiências do melhor e mais apurado dos corpos são passageiras e efêmeras, deixando atrás de si o desejo por mais.
Nossos sentimentos certamente são efêmeros, e também nossas percepções. O mesmo se aplica às nossas intenções. Os estados de conciência mudam o tempo todo. Na verdade, nós somos uma obra em andamento. Quer gostemos disso quer não, nunca permanecemos iguais. Lembre-se do filósofo grego Heráclito, que disse que "não se pode entrar duas vezes no mesmo rio". Cada um de nós é como um rio, cujas águas estão em perene mutação. Os ocidentais uasm a palavra "mente" como uma definição básica do eu. "Penso logo existo" Mas o budismo mostra que voce não é o que pensa; como o clima, aquilo se pensa é imprevisível e sujeito a mudanças. Devido a este fato, a mente não treinada também é essencialmente não confiável. Os pensamentos e sentimentos não tem durabilidade. Isto é um fato da existência condicionada convencional. Além do mais, o que e que é voce, quando não está pensando naquele breve instante entre dois pensamentos? Será que cessamos de existir intermitentemente ?
Por ouro lado, a nossa natureza búdica inata e inefável não é impermanente, não muda. Esta luz interna é ilimitada, desimpedida e imaculada. Pode-se confiar nela, pode-se contar com ela. É perfeita, inerentemente sábia, calorosa, livre, completa e sem começo. Realizar este núcleo luminoso, informe e intangível é aquilo que chamamos de iluminação.

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